domingo, 5 de abril de 2009

Só amanhã, hoje não....


Domingo. Tive que sair de casa, levar um material lá no meu trabalho. Sabia que teria que fazer isso, mas fui pega de surpresa com a urgencia de ter que fazê-lo correndo. Fui. Na volta fui agredida por um motoqueiro que simplesmente atacou meu carro e quebrou meu retrovisor. Agressão gratuita. Não merecia aquilo, ninguém merece. Fiquei um tempo com raiva de todos os motoqueiros, depois um tempo com raiva de ter saido de casa, depois mais um tempinho com raiva das coisas estúpidas que acontecem.... fiquei pensando que aquele imbecil devia ter uma mãe, e quando penso nas mães minha raiva começa a passar...

Pele fina. Assim me senti esse fim-de-semana. A morte de Lili que eu nem conhecia. Tudo que aconteceu ou o que não aconteceu me tocou de modo especial. Acho que dizer que estou em contato com a minha vulnerabilidade não seria errado. Somos vulneráveis, isso é uma verdade para todos, mas tem dias que isso fica mais evidente, a pele antes curtida pela vida dá uma afinada e de repente o vento doi, as palavras machucam, um tom de voz mais rispido é o suficiente pra provocar lágrimas, uma cobrança mínima faz aflorar algo...

Percebo que posso controlar isso, mas nem tento... nem quero...
Posso respirar, enraizar minha energia, focar minha mente, mas não quero...hoje eu não quero...
Não tenho pena de mim, não me sinto fraca, muito menos acho que sou uma pessoa triste, mas agora não quero ser "forte", agora não quero ser resistente, não quero me esforçar para nada...quero me permitir ficar assim, meio largada, meio boiando, meio flutuando, sendo levada...vendo o tempo passar...

Quero ficar em frente a TV vendo uma comédia boba, quero ficar no pc jogando free cell, não quero cobrar nada de mim.... meu corpo sabe respirar, então que ele respire. Não quero estudar nada. Não quero conversar sobre nada sério, não quero fazer nada sério. Não quero exercitar pensamentos otimistas e nem quero ser uma pessoa "boa". Quero comer algo gostoso e nem vou me preocupar se é saudável.

Bom... essa sou eu também. Sem cores, sem sabores, sem odores...sem palavras bonitas, sem grandes sentimentos, apenas esperando o tempo passar... Sei que posso fazer isso porque tenho uma boa sensação ao meu respeito, posso fazer isso porque sei que sou uma pessoa boa, posso fazer isso porque sei que também poderia fazer o contrário. Posso fazer isso, porque isso não sou eu, e amanhã, quem sabe eu queira ser uma pessoa melhor do que fui hoje, e se quiser, não tenho dúvida alguma de que poderei. E serei. Mas só amanhã, hoje não.

Namastê

Ludmila

P.S. foto que chamo de"A insignificância do Ser"no Red Fort, Agra, Índia.




Um comentário:

  1. Mas é de dar muita raiva esse tipo de agressão gratuita. Contei aqui em casa, eu fiquei indignada tbm. Meus pais acharam um absurdo! Acho que as pessoas sentem muita raiva quando vêem alguma prosperidade e felicidade em outra pessoa. Falaram em táticas de assalto... poderia ter sido uma. Ou maldade mesmo. Qual a vantagem em estragar o dia de alguém? Daí vem o nosso auto-controle. Não deixar que ele consiga o que quer: nos consumir, nos tirar do eixo, da nossa vida maravilhosa com nossa família linda, amigos, mesa farta (xP) e programas caseiros cheios de paz.
    =)

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