sábado, 7 de fevereiro de 2009

Por um! Ficar triste ou feliz?


Estamos vivendo uma situação inusitada aqui na minha família. Lucas é o meu filho de 18 anos, ele estudou o último ano do colégio nos EUA, voltou pro Brasil e entrou em contato com uma questão própria dessa fase da vida. Vestibular! A questão basicamente era o que fazer? Ele nunca antes havia falado sobre seus interesses e começou a pensar em Economia...tenho dois irmãos economistas, então, não estranhei. Mas uma dia ele me fez a seguinte pergunta: Mãe, eu devo fazer o que vai dar certo, ou o que for do coração? Bom...achei que uma pergunta tão linda como essa deveria ter uma resposta mais elaborada, mas confesso que fiquei com medo de saber o que estava passando pela cabeça dele. Uau! o que esse menino está pensando em fazer?

Acho que a principio me comportei como uma mãe clássica preocupada, mas em seguida respondi: Meu filho, só vai dar certo se for do coração! e fiz a pergunta temida: O que vc está pensando em fazer que é do coração? Ele responde: História. Ponderei por alguns instantes sobre a realidade de um historiador no Brasil, até que ele me disse: Não me incomodo de passar a vida estudando história! E é verdade! sei disso. Lucas gosta de História desde criança. Ele lê e se interessa por tudo que tenha esse conteúdo. Não podia discordar dele. Impus uma condição: Se quer fazer história, terá que ser na Federal! Ele topou, embora soubesse que teria que correr atrás de um prejuízo já que ele não havia feito os dois últimos anos do colégio aqui no Brasil.

Lucas estudou animado em um cursinho. Passou na 1ª fase e comemoramos, estudou mais ainda pra 2ª, mas perdeu! Na lista dos 50 classificados não estava o nome dele! Ficamos tristes por ele, e ele, ficou determinado a fazer outro vestibular pra História, parece que é realmente o que ele quer.

Tudo ía assim...até que uma cliente me perguntou qual havia sido a classificação dele. Não sabíamos. Nem tivemos a curiosidade de olhar. Fomos olhar e descobrimos que Lucas ficou em 51º lugar, ou seja de 50 vagas ele está em 51º. O que sentir nessa hora? Essa é a minha reflexão de hoje.

Tem coisas na nossa vida que nos causam emoções bem claras, em algum momento sentimos raiva, em outros medo, tristeza, alegria, excitação. Mas nessa situação parece que ele oscila em acreditar que alguém não vai se matricular e a vaga será dele, e então essa história será de muita felicidade; ou que ele não entrou por causa de uma vírgula no lugar errado na redação, ou porque a pessoa que corrigiu a sua prova podia estar de mau humor, é impossível não pensar também que algum cotistas, talvez tenha feito menos pontos que ele (embora aqui não exista nenhuma posição com relação a esse tema), não entrar por uma colocação, nos leva a pensar que ter sabido da posição de classificação será muito chato.

Essas situações me lembra um dito popular: "O que é do homem, o bicho não come", se a vaga tiver que ser dele será, mas por enquanto não é, pelo simples fato de que ele não ficou entre os 50. Pra isso ter ficado em 80º lugar ou em 51º lugar dá no mesmo. Ele perdeu, os 50 melhores entraram, e é preciso respirar tranquilo nessa situação, por que essas 50 pessoas que passaram devem estar felizes e merecem tanto quanto ele.

E a expectativa? O que fazer com ela? Não dá pra fazer de conta que a chance de entrar não existe e que uma ansiedade nasce disso. É um fato. Acho que ele pode entrar, e se isso acontecer iremos celebrar muito! Adoramos celebrar! mas....nesse momento, a realidade é clara, ele e todos nós temos que aceitá-la.

A realidade às vêzes é assim, parece estranha, bizarra....mas, como escrevi antes nesse blog, "Não somos especiais", Lucas não é especial, apesar de ser meu filho amado, os outros 50 devem ter mães corujas assim como eu sou. Não há nada especial em ganhar ou perder, tudo isso faz parte de uma coisa muito maior que é a vida. Quando os meninos eram pequenos, eu pensava que não podia e não devia, protegê-los das frustrações próprias da vida, porque eu acredito que elas nos constroem, nos tornam mais fortes.

Bom....se isso for uma frustração, não será a única na vida dele, e ele não sucumbirá por causa dela e, certamente poderá crescer com isso, talvêz ele aprenda a dar mais valor a cada vírgula, a cada segundo, talvêz ele aprenda ser mais atento e a valorizar muito mais as coisas e a vida! Isso é o que a mãe profunda pensa, mas como uma mãe clássica, tenho que confessar que estou torcendo pra que alguém desista por que passou em um curso melhor, ou porque descobriu que não é isso que queria, e que abram uma segunda lista e que ele entre naquilo que ele tanto deseja.

Namastê!

Ludmila Rohr

P.S. Foto: Eu e Lucas andando de elefante em Jaipur na Índia!!

3 comentários:

  1. Ludmila que chato o que aconteceu com Lucas, mas Bruna garante que ele entra, porque no meio desses 50 há muitos "treineiros", ou seja, aqueles que fazem história só para treinar, só por experiência, inclusive vários colegas dela fizeram vestibular para história no segundo ano, só para adquirirem experiência de vestibular.
    Tomara que Bruna esteja certa e que ele consiga a tão sonhada vaga na UFBA.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  2. Mãe é mãe !!!!!!!!!!
    Budista, católica ou evangélica.
    O que as une é o sentimento unico e incondiconal que sentem pelos filhos. e isso é lindo demais.
    Acho que Lucas pode até entrar, mas não acho que ele e 80 colocado estão no mesmo patamar.

    De jeito nenhum. O 80, pode estar fazendo Historia como segunda opção, um plano B, e não uma decisão de coração e alma inteiro de SER um aluno de Historia, como fez o seu Lucas. Mas por alguma razão, Lucas precisa desse momento de frustração. Não sabemos porque. Sabemos que ele vai fazer a faculdade - em algum momento...

    O que será, será. Dá um bom colinho pra ele, que é o só as mães sabem fazer.
    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Acho que Caio já entrou... espera só um pouquinho...
    Estou amando o blog... Recebi uma mensagem sobre a noite de yoga depois do Carnaval e estava pensando em ir, apesar de ter que ficar com Miguelzinho e vi o endereço do blog. Entrei, estou lendo e estou muito comovida. De ver tua relação com a escrita, que já estava muito lírica e muito forte no diário das viagens à Índia.
    Ontem pensei muito em você. Por que defini as coisas do livro (tem novidades que irão para as minhas sessões de terapia mesmo!) e uma amiga fez a primeira leitura para revisão e me propôs fazer uma tatuagem. Eu já estava desejando tatuar o nome do livro.
    E fui lá. O nome é "Fábulas Delicadas". E pensava em você porque sempre te digo que gosto de você ser uma mulher que se enfeita. E a tatuagem também marca um momento muito intenso da minha vida.
    Bem, estou aqui lendo, e lendo, e lendo.


    Beijos no coração.

    ResponderExcluir

Sempre leio todos os comentários e gosto muito de recebê-los!